Do coração e outros corações

Do coração e outros corações

domingo, 17 de junho de 2012

Comissão da VERDADE ...


Recebi do amigo virtual e repasso
Janio de Freitas, 5.6.12
Na morte do jovem padre

Inocêncio Mártires Coelho logo estará no caminho da Comissão da Memória e da Verdade instituída em PE

Ao menos um dos que conduziram os processos de acusação durante a ditadura está sob o risco, afinal, de ter pesquisada e exposta a sua parte na contribuição sórdida, e muitas vezes criminosa, desses colaboracionistas do sistema de torturas, condenações, mortes e desaparecimentos. O portador do enganoso nome de Inocêncio Mártires Coelho é, por certo, dos que mais merecem, em vida ou em memória, ser reconhecido pelo que foi e fez.

Inocêncio Mártires Coelho logo estará no caminho da Comissão da Memória e da Verdade que o governador Eduardo Campos instituiu em Pernambuco. Em suas primeiras atribuições citadas, a comissão deverá investigar autoria e circunstâncias do ocorrido ao jovem padre Antonio Henrique Pereira Neto, em 1969.

Auxiliar de dom Hélder Câmara, à época arcebispo de Olinda e Recife, padre Henrique sabia que sua função o punha na mira do bando de oficiais do Exército e usineiros que agia no Estado. Não a deixou.

Padre Henrique foi emboscado. Seu corpo ficou com as marcas da tortura brutal. E dos tiros, até seu cadáver ser largado em um ermo da periferia de Recife. A barbaridade do crime ecoou no mundo todo.

Pressões internacionais para que fosse investigado perderam-se, todas, na indiferença do governo e dos militares. Mas havia indícios, havia pistas, havia nomes. E pessoas e instituições dispostas a buscar a identidade da autoria.
Como em outros inquéritos e processos, Inocêncio Mártires Coelho foi o representante de um Ministério Público travesti, par constante do AI-5. Criou todos os embaraços e deixou livres todas as ameaças ao próprio d. Hélder, a seu grupo de fiéis e a quem persistisse no caso do jovem padre.

Inocêncio Mártires Coelho engavetou tudo. É possível que a comissão recupere esse material. Se não, a par da investigação sobre padre Henrique, é muito provável que em jornais e de sobreviventes da época obtenha, se quiser, o suficiente sobre os ainda intocados colaboracionistas do regime nas condenações e na negação dos crimes da ditadura. E Inocêncio Mártires Coelho foi aí uma eminência.


Janio de Freitas, 14.6.12
CORREÇÃO

Pernambuco foi o Estado que mais sofreu com a repressão em 1964. Dois coronéis, Ibiapina e Bandeira, instauraram o terror, do qual ficou uma foto eloquente para a interpretação futura: o comunista histórico Gregório Bezerra, de calção, descalço, mãos amarradas às costas, puxado pelas ruas do Recife por uma corda atada ao pescoço. Vinha da tortura, ia para a tortura.

No artigo "Na morte do jovem padre", fiz referência a um dos tantos atos do terrorismo: o assassinato do padre Antonio Henrique, assistente de d. Hélder Câmara. Citei, como um dos muitos feitos de Inocêncio Mártires Coelho, procurador da República a serviço da ditadura, atrapalhar a identificação dos assassinos.

Confundi caso e nome. O procurador do assassinato foi Rorinildo Rocha Leão, respeitável e frustrado em seus esforços. A celebridade nacional de Inocêncio veio de suas ações contra o pleno esclarecimento do "escândalo da mandioca" -bandalheira financeira cuja tentativa de investigação levou ao assassinato, por um major da PM, do procurador Pedro Jorge de Mello e Silva- também ligado à diocese.

O artigo lembrava a necessidade de investigar a verdade sobre os colaboracionistas do regime de torturas, mortes e desaparecimentos. Inocêncio Mártires Coelho daria um bom começo. 

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