Recebi do amigo virtual e repasso
Janio de Freitas, 5.6.12
Na morte do jovem padre
Inocêncio Mártires
Coelho logo estará no caminho da Comissão da Memória e da Verdade instituída em
PE
Ao menos um dos
que conduziram os processos de acusação durante a ditadura está sob o risco,
afinal, de ter pesquisada e exposta a sua parte na contribuição sórdida, e
muitas vezes criminosa, desses colaboracionistas do sistema de torturas,
condenações, mortes e desaparecimentos. O portador do enganoso nome de
Inocêncio Mártires Coelho é, por certo, dos que mais merecem, em vida ou em
memória, ser reconhecido pelo que foi e fez.
Inocêncio
Mártires Coelho logo estará no caminho da Comissão da Memória e da Verdade que
o governador Eduardo Campos instituiu em Pernambuco. Em suas primeiras
atribuições citadas, a comissão deverá investigar autoria e circunstâncias do
ocorrido ao jovem padre Antonio Henrique Pereira Neto, em 1969.
Auxiliar de dom
Hélder Câmara, à época arcebispo de Olinda e Recife, padre Henrique sabia que
sua função o punha na mira do bando de oficiais do Exército e usineiros que
agia no Estado. Não a deixou.
Padre Henrique
foi emboscado. Seu corpo ficou com as marcas da tortura brutal. E dos tiros,
até seu cadáver ser largado em um ermo da periferia de Recife. A barbaridade do
crime ecoou no mundo todo.
Pressões
internacionais para que fosse investigado perderam-se, todas, na indiferença do
governo e dos militares. Mas havia indícios, havia pistas, havia nomes. E
pessoas e instituições dispostas a buscar a identidade da autoria.
Como em outros
inquéritos e processos, Inocêncio Mártires Coelho foi o representante de um
Ministério Público travesti, par constante do AI-5. Criou todos os embaraços e
deixou livres todas as ameaças ao próprio d. Hélder, a seu grupo de fiéis e a
quem persistisse no caso do jovem padre.
Inocêncio
Mártires Coelho engavetou tudo. É possível que a comissão recupere esse
material. Se não, a par da investigação sobre padre Henrique, é muito provável
que em jornais e de sobreviventes da época obtenha, se quiser, o suficiente
sobre os ainda intocados colaboracionistas do regime nas condenações e na
negação dos crimes da ditadura. E Inocêncio Mártires Coelho foi aí uma
eminência.
Janio de Freitas,
14.6.12
CORREÇÃO
Pernambuco foi o
Estado que mais sofreu com a repressão em 1964. Dois coronéis, Ibiapina e
Bandeira, instauraram o terror, do qual ficou uma foto eloquente para a
interpretação futura: o comunista histórico Gregório Bezerra, de calção,
descalço, mãos amarradas às costas, puxado pelas ruas do Recife por uma corda
atada ao pescoço. Vinha da tortura, ia para a tortura.
No artigo
"Na morte do jovem padre", fiz referência a um dos tantos atos do
terrorismo: o assassinato do padre Antonio Henrique, assistente de d. Hélder
Câmara. Citei, como um dos muitos feitos de Inocêncio Mártires Coelho,
procurador da República a serviço da ditadura, atrapalhar a identificação dos
assassinos.
Confundi caso e
nome. O procurador do assassinato foi Rorinildo Rocha Leão, respeitável e
frustrado em seus esforços. A celebridade nacional de Inocêncio veio de suas
ações contra o pleno esclarecimento do "escândalo da mandioca"
-bandalheira financeira cuja tentativa de investigação levou ao assassinato,
por um major da PM, do procurador Pedro Jorge de Mello e Silva- também ligado à
diocese.
O artigo lembrava
a necessidade de investigar a verdade sobre os colaboracionistas do regime de
torturas, mortes e desaparecimentos. Inocêncio Mártires Coelho daria um bom
começo.
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