por
Carlos Tautz - 3.7.12 - Fonte blog do Noblat
Enviado pelo amigo virtual, Grozny Arruda
Grata
Baía
de Guanabara: patrimônio natural, palco da execução de pescadores
Dramático
sintoma do tipo economia que o Brasil e o Estado do Rio escolheram:
imediatamente após a Rio+20, dois pescadores artesanais são executados e seus
corpos aparecem nas praias de Magé e São Gonçalo.
Embora
a imprensa resuma o extermínio a uma suposta disputa por áreas de pesca, o
motivo real do assassinato foi a defesa da pesca artesanal contra a implantação
de megaprojetos econômicos e o desrespeito ao direito humano básico à vida.
Ela
emoldura o título carioca de patrimônio da paisagem natural, mas serve de palco
para o assassinato frio de pais de família.
Os
crimes mostram um profissionalismo que há muito já deveria ter sido
identificado e anulado pela Secretaria Estadual de Segurança Pública do Rio de
Janeiro. Esta, contudo, mal garante a segurança de outro pescador, Alexandre
Anderson, presidente da Associação Homens e Mulheres do Mar (AHOMAR), vítima de
pelo menos seis tentativas de homicídio e que integra o sistema federal de
proteção a defensores de direitos humanos.
Agora,
foram executados Almir Nogueira de Amorim e João Luiz Telles Penetra, membros
da AHOMAR, que resistiam à tentativa de fatiar a Baía em projetos como o
Comperj, o complexo petroquímico que a Petrobras, o BNDES e o Grupo Braskem
constroem ali.
Em
2009, Paulo Santos Souza, ex-tesoureiro da AHOMAR, foi espancando em frente à
sua família e assassinado com cinco tiros.
Em
2010, outro fundador da AHOMAR, Márcio Amaro, também foi assassinado em casa,
em frente a sua mãe e esposa. A secretaria de segurança, que semeia UPPs em
áreas cobiçadas pela especulação imobiliária, não esclareceu os crimes.
Desde
o final de 2011, a AHOMAR voltou a denunciar os impactos do COMPERJ, que, com o
apoio do INEA, órgão ambiental do estado, quer transformar o Rio Guaxindiba, na
APA de Guapimirim, em hidrovia para transporte de equipamentos do Complexo
petroquímico.
Não
por coincidência, em fevereiro de 2012 o Destacamento de Policiamento da Praia
de Mauá, sede da AHOMAR, foi desativado e outras três lideranças dos
pescadores, ameaçadas de morte.
A
situação verificada na Baía repete um padrão: abundante dinheiro do Estado para
projetos de sentido social duvidoso, licenças ambientais controversas e
sistemática violação de direitos humanos.
Várias
outras obras de igual porte e qualidade continuam a ser implementadas por todo
o País, em um prenúncio de que outras violências estão, infelizmente, prestes a
acontecer.
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Carlos
Tautz, jornalista, coordenador do Instituto Mais Democracia
Transparência
e controle cidadão sobre governos e empresas
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