O Exército Brasileiro publicou a entrevista da Veja: http://goo.gl/xnmq7
Contra a demagogia na escola
03 Jun 2013
Entrevista
Nuno Crato
Um dos grandes divulgadores da ciência, o ministro da
Educação de Portugal diz que uma turma entusiasta do politicamente correto está
deixando de lado o conteúdo e o mérito
O matemático Nuno Crato, 61 anos, notabilizou-se por
divulgar e traduzir para o cotidiano os grandes teoremas e equações — trabalho
que o fez merecedor do cobiçado European Science Award, em 2008. Há dois anos
como ministro da Educação e da Ciência em Portugal, ele comanda hoje uma
radical reforma no ensino que se baseia em metas, avaliações e mérito. Mesmo
antes, Crato já era figura conhecida e muito discutida por seus colegas da
educação. É do ministro o livro O "Eduquês" em Discurso Direto: uma Crítica da Pedagogia Romântica e
Construtivista — em que disseminou o termo "eduquês” para se referir à
linguagem empolada e vazia adotada por uma ala de educadores. Lisboeta que
adora o Brasil, Crato falou a VEJA em uma de suas visitas ao país.
0 senhor provocou debate acirrado entre educadores do
mundo todo ao afirmar que a escola moderna é vítima do “eduquês”. Por que o
assunto causou tanto barulho? (Começa pela pergunta: escola moderna? Queremos escolas mais medievais do que as nossas? São modernas no sentido benjaminiano, ou seja, um lugar onde a palavra é cassada (do professor e do aluno), onde o sistema fabril moderno, capitalista foi implantado: cada aluno com sua carteira, um professor para todos, um livro para todos). A pergunta do entrevistador já revela a resposta.).
Minha crítica bate de frente com uma linha muito
celebrada nas escolas de hoje. É uma corrente que dá ênfase excessiva às
atitudes e à formação cívica do aluno e deixa em segundo plano o conhecimento
propriamente dito. (a escola não está dando ênfase nas atitudes cívicas? éticas? que bom. Mas, estará mesmo?) Pergunto: como investir em formação cívica se o estudante
não consegue nem ler o jornal ? ( Não consegue ler o jornal? Imaginemo-nos lendo o jornal em Portugal dizendo que a aposentadoria tem que ser banida; que não há desemprego quando o país morre em emprego, sem salários... De que jornal fala o Ministro?) Vejo vários educadores (quais, senhor Ministro? É também científico dizer quem são os educadores aos quais o senhor detrata) por aí se perdendo em
uma linguagem hermética, dúbia e demagógica (queremos coisa mais dúbia, hermética e difusa do que essa entrevista?) — que é o mais puro “eduquês"
— para falar sobre seus objetivos difusos para a sala de aula. Essa turma não
só resgata como radicaliza teorias do passado (teorias do passado? O que dizer da filosofia de Aristóteles? e ele que é da matemática ousaria dizer que a geometria de Euclides evaporou-se da Terra?) para combater práticas na
educação que já tiveram sua eficiência amplamente atestada pela ciência (qual ciência?). Alguns
me acusam de ser insensível ao dizer tais coisas, mas sou um entusiasta do
saber científico e desprezá-lo, a meu ver, só prejudica o ensino. (não, o Ministro não é insensível; é um detrator da escola, dos professores, um amigo da escola empresa, é um anti-cientista, vai citando as coisas difusamente).
Quais boas práticas exatamente essa ala de educadores
rejeita? ( Ala? qual ala?)
Muitos batem na tecla de que prova faz mal. Acham que ela submete o aluno a um alto grau de
stress, sem necessidade. Vão aí na contramão do que afirmam os grandes
pesquisadores. Eles já sabem que, ao ser questionada e posta a refletir sobre
um conteúdo (conhecimento, senhor ministro!), a criança consegue absorvê-lo (absorver? Eita, célebo que absorve como o papel a água! Um ministro empirista ingênuo. O cérebro é um recipiente passivo que absorve...) melhor, avançando no conhecimento.
Também a disciplina é um ponto em que a condescendência e a leitura enviesada
de velhas teorias ofuscam a razão. Esse grupo de educadores (qual?) admite que o aluno
pode ser no máximo incentivado a respeitar a ordem na sala de aula (ordem? que ordem?), mas nunca,
sob nenhuma hipótese, ele deve ser forçado a fazer isso. Nesse caso, não é
preciso de muita ciência para saber que o resultado final será muita bagunça e
pouco aprendizado.
No Brasil, mais da metade das escolas se define como construtivista.
Isso é bom ou ruim? (metade? metade do quantas escolas?Nossa, quantas escolas!ah! a ala à qual se refere o entrevistador é a ala do construtivismo! Huum)
Antes de tudo, é bom esclarecer que, embora muita gente
não saiba, o construtivismo de hoje é uma interpretação livre da teoria sobre o
aprendizado lançada pelo psicólogo Jean Piaget há um século. Para mim, sua
vertente mais radical é um equívoco pedagógico completo. Ela se baseia na ideia
de que o professor não passa de um mero "facilitador" do aprendizado — esse um termo muito em voga na linha
politicamente correta. Soa bonito, mas é prejudicial ao ensino por derrubar pilares
fundamentais.
(Uau! como o ministro resume Piaget! Soa bonito também, mas é um monte de bobagem. Psicólogo Piaget. Epistemólogo, senhor Ministro! Professor, mero facilitador. Por que facilitador está entre aspas? facilita o quê? Como definiria facilitador? Aquele que faz o aluno absorver mais rápido?)
Quais são esses pilares?
Um mestre tem o dever de transmitir (empirismo do Ministro avança) a seus alunos os
conteúdos nos quais se graduou (se a graduação garantisse bons conhecimentos...) E, sim, precisa ter objetivos bem claros e
definidos sobre o que vai ensinar. É ingênuo achar que o estudante vai
descobrir tudo por si mesmo e ao seu ritmo, quando julgar interessante (onde ele leu isso em Piaget?). Quem de
bom-senso tem dúvida de que, se a criança puder esperar a hora que bem lhe
apetecer para mergulhar num assunto, talvez isso nunca aconteça?
A neurociência vem mapeando os caminhos que a informação
percorre no cérebro de uma criança até ser assimilada. As escolas já começaram
a fazer uso desse conhecimento? (ah, está aí: um pulo para o futuro! do empirismo ingênuo para a neurociência, eita entrevistador!).
Infelizmente, a grande maioria passa ao largo dessas
descobertas. E isso as mantém congeladas no tempo, aferradas a pensamentos anacrônicos.
A neurociência descobriu que é possível acelerar, e muito, o aprendizado de uma
criança à base de incentivos permanentes.
Isso tromba de frente com os principais postulados de
Piaget (em que tromba, senhor Ministro?). Ele acreditava que o processo de retenção (RETENÇÃO???? EMPIRISTA! EMPIRISTA...) de conhecimentos se dava por
etapas muito bem definidas, divididas segundo as faixas etárias (FAIXAS? ETÁRIAS? NOSSA QUE METÁFORAS!).
Muitas escolas ainda se fiam nisso e perdem grandes
oportunidades de fazer seus alunos dispararem. Outro problema comum é a
demonização da decoreba (vejam o que diz o ministro: DECOREBA! ESCOLHE O TERMO PEJORATIVO PARA DAR AR DE CIÊNCIA!) por essas correntes que se autoproclamam modernas. A
memorização não é descartável como querem fazer parecer.
Em que medida a memorização pode ser útil? (O entrevistador entende que decoreba é memorização; nenhum dos dois fala em memória, termo diferente de memorização, de decoreba)
Embora o construtivismo ingênuo pregue que a memorização
prejudica a compreensão, os cientistas afirmam o contrário — que ela é
essencial ao aprendizado. Isso porque tem o papel de automatizar (automatizar, metáfora máquina para o aluno autômato) certos
raciocínios (quais? é preciso dizer quando se é cientista!), ajudando justamente a fazer pensar melhor sobre questões mais
relevantes e complexas (quais?). Numa operação básica de soma ou de subtração, por
exemplo, a criança não precisa a cada nova conta parar para refletir sobre por
que passa o número 1 para cá ou para lá (passa o 1? Senhor ministro, tenha dó: não se passa 1, é uma dezena. esse é um erro crasso ou crato).. Seria um desperdício de energia
valiosa, que pode ser bem despendida nos desafios que verdadeiramente
interessam. (Quais são esses desafios, ministro? A quem interessam?)
Afinal, o que deve ser memorizado por uma criança? (ai, esses entrevistadores!)
É importante decorar a tabuada (até a do dez ou até a mil? medieval pensamento), o nome e a localização de
certos rios e cidades e as datas mais importantes no curso da história (meu bisavô fez isso), ainda
que elas não sejam precisas. Não há como o estudante não saber, no mínimo, que
a Independência do Brasil aconteceu no século XIX ou que Aristóteles viveu
antes de César (e o processo da Independência? Pensar que não houve exatamente independência?). Se ele se recusa a ter esses marcos básicos na cabeça acha que pode sempre associar os fatos para
chegar a uma resposta, está perdido. A experiência deixa claro que uma pessoa
passa a fazer conexões cognitivas (conexões? quais?) de muito mais qualidade (de que tipo de qualidade?) e valor quando já
detém um bom repertório de conhecimentos elementares. Não é preciso
relacioná-los com o universo todo o tempo inteiro.Do que fala o ministro?
Um pensamento muito em voga nas escolas modernas é o de
que a criança só aprende de verdade aquilo de que ela realmente gosta. 0 senhor
concorda? (de que lugar esse entrevistador tirou isso? My god!)
Esse é um pensamento limitado. Veja o caso da leitura.
Muitos educadores acham que para ler bem a criança precisa, antes de qualquer
coisa, ser despertada para o gosto pela literatura (podemos sim, levar a criança a admirar a literatura, é só ler, senhor Ministro o livro do psicanalista Bruno Betehheim e Karen Zelan, Psicanálise da Alfabetização). Só assim ela lerá muito e
ganhará fluência, dizem. A neurociência lança uma luz interessante sobre essa
questão, colocando-a exatamente ao avesso. Ela mostra que ter fluência na
decodificação dos grafemas é crucial para ler bem (de que neurociência fala o ministro?). Em resumo: tem de se ler
muito, mesmo sem gostar. O treino precisa ser permanente, exaustivo. Quanto
mais automática se tomar a leitura, mais chances ela terá de ser prazerosa.
0 senhor se notabilizou pela divulgação da matemática, a
mais temida e odiada de todas as disciplinas escolares. Que caminhos sugere
para tomá-la mais atraente?
A fórmula que eu defendo não tem nada de mirabolante. A
maior pane dos estudantes repudia a matemática porque não consegue ultrapassar
os obstáculos (quais?) que ela vai colocando pelo caminho. Eles não entendem bem os
conceitos, mas, ainda assim, o professor faz com que avancem na matéria. Assim,
deficiências elementares acabam ficando para trás. É uma bola de neve. Numa
disciplina como história, mesmo sem ter assimilado toda a narrativa sobre a
colonização no Brasil, o aluno pode se embrenhar pelo capítulo da Revolução
Industrial na Inglaterra.
Mas na matemática não é possível progredir sobre uma base
frágil e cheia de lacunas. Nessa área, o conhecimento é cumulativo — um depende
do outro. Sem dominar a aritmética, não dá para passar à trigonometria. Se isso
acontecer, e acontece muito, o estudo vai se tomar improdutivo e frustrante.
0 que falta então para um bom ensino da matemática?
Organização do conteúdo por parte dos professores e muito
treino do lado dos alunos (organização de quais conteúdos? Treino?). O ensino deve ser progressivo, sem pular etapas e
sempre reforçando o mais básico. Se for preciso, que se volte ao início. As
sociedades hoje frequentemente não valorizam o conhecimento rigoroso, aquele
que exige método, empenho e exercício para ser bem sedimentado. Acham que as
crianças vão acabar aprendendo matemática por osmose. Mas elas não aprendem. As
avaliações costumam ser impiedosas ao escancarar as deficiências. Na maioria
das disciplinas, o aluno pode chegar à resposta certa por aproximação, mas na
matemática é diferente. Não canso de repetir que também os pais têm um papel
importante aí. No lugar de enfatizar a
aversão aos números (fala de números sem localizar essa dimensão como uma área da matemática complexa e sem muita compreensão dos professores) , eles devem, isto sim, reforçar a ideia de que a matemática
é essencial para o crescimento de qualquer pessoa em qualquer área (assim diziam os iluministas, mas entendiam do que falavam). Também
podem falar aos filhos sobre a importância do esforço e do treino mental (treino mental!).
Enfim, devem ajudar a consolidar em casa o valor e o
hábito do estudo.
Currículos muito detalhados costumam suscitar
resistências por parte de educadores que se dizem tolhidos em sua liberdade de
ensinar. 0 senhor concorda?
Sempre aparece uma turma
para empunhar a bandeira da liberdade do aluno, dizendo que ele deve
aprender sem as amarras de um currículo.(ah, é claro, a liberdade faz mal aos conservadores! liberdade de pensamento muda os hábitos!)
Esse pessoal sustenta ainda que os currículos são um
limitador da aula porque podam as asas do professor. Felizmente, em Portugal,
são uma minoria. É verdade que, as
vezes, o diálogo fica duro com os sindicatos. Reconheço seu papel de brigar por
melhorias para sua própria classe, mas nem sempre eles têm colocado as questões
fundamentais e inadiáveis do ensino à frente das outras que pouco interessam à
sociedade.
Que resultados a implantação da política de reconhecer e
premiar as melhores escolas tem alcançado em seu país?
As boas escolas recebem mão de obra extra de qualidade
para que ajudem a consolidar o ensino de alto nível. Essas escolas conseguem
assim dar reforço a alunos com mais dificuldade e apoiar os que estão prontos para evoluir em um patamar mais
avançado. Sim, os alunos são diferentes entre si e por isso mesmo devem ser
tratados de forma diferenciada. A utopia do igualitarismo, essa que muitos na
educação defendem, só seria possível num único e não desejável cenário — aquele
em que todos são medíocres. Esse é ainda um tabu. Dizer que uma criança
precisa de um apoio especial não significa que ela será excluída. Num outro
espectro, os ótimos alunos também não devem ser escondidos, mas, sim,
radicalmente incentivados a seguirem frente. É um fundamento básico da
meritocracia, de eficiência provada no setor privado.
Que princípios empresariais uma escola poderia adotar? (enfim, o entrevistador mostrou-se: a escola deve ser uma empresa!)
Toda escola pública deveria poder escolher quem contrata
e quem demite, com base no mérito. É o que planejo para os próximos anos em
Portugal. Visto como um todo, o modelo de gestão da educação do século XXI
ainda faz lembrar muito o velho sistema soviético, em que um comitê central
concentra todas as decisões. As escolas públicas precisam de mais autonomia
para atrair os melhores cérebros e avançar mais rapidamente. (faltou falar dos salários).
A falta de dinheiro é sempre citada como um fator que
impede a melhoria do ensino. 0 senhor concorda?
Acho que nossos desafios dependem menos de dinheiro (está aqui! uma empresa que gasta pouco e deve render muito) e
mais de objetivos claros, ambiciosos e de organização. Para avançarmos, precisamos
formar mais e mais engenheiros, médicos
e cientistas. As crianças devem ser despertadas desde cedo para o interesse por
essas áreas. Não será à base do velho e empolado "eduquês" que
conseguiremos dar o grande salto.
Portugal ocupa apenas o 27° lugar entre os 65 países do
ranking mundial de ensino da OCDE Qual é a estratégia para melhorar?
As escolas portuguesas
sempre se basearam em recomendações pedagógicas mais gerais e amplas do
que propriamente em objetivos claros e organizados. Estou mexendo justamente
ai, ao sistematizar metas de aprendizado ano a ano, matéria a matéria, no
detalhe. Ter metas para a sala de aula é crucial para orientar não só os
professores como também os próprios pais. Sim, porque, bem informados sobre os
objetivos da escola, eles podem ir lá cobrar se um determinado conteúdo foi mal dado ou ficou para trás.
FIM
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